terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Psicologia Clinica


A Psicologia Clínica se baseia na observação e análise aprofundada de casos individuais. Criada por volta do final do século XIX por alguns médicos psiquiatras e neurologistas que tratavam pacientes com doenças mentais, foi desenvolvida por Freud, médico, discípulo de Breuer. Eles utilizavam a hipnose como método de cura de tais pacientes.

Segundo a teoria de Breuer, que logo foi incorporada e melhor descrita por Freud, as doenças mentais provinham de conflitos que estavam localizados na mente da pessoa, e não necessariamente de problemas biológicos. Breuer acreditava que através da hipnose a pessoa poderia driblar censuras que a impediriam de lembrar certos fatos (os traumas), e assim melhorar sua idéia de tais, ou vivenciar experiências. Freud depois descreveu esse estado como catarse. Freud discordava quanto à eficiência da hipnose, e em contrapartida desenvolveu a técnica da livre associação. Foi aí que a Psicologia Clínica nasceu, porque trouxe a cura pela palavra.

A Psicologia Clínica cresceu desde então. O advento da Psicanálise abriu um abrangente campo para novas teorias, como a Psicologia Analítica de Gustav Jung, discípulo de Freud.

Hoje em dia há muitas linhas de pensamento em psicologia: as mais famosas são a Psicanálise a Psicologia Analítica, a Análise do comportamento ou Behavorismo de Skinner e a Fenomenologia. Esta última nasceu dos pensamentos de Sartre, Husserl, e tem seus expoentes na psicologia representados por Rollo May (existencialista) e Fritz Pearls (Gestalt Terapia).

FONTE:http://cepcariri.blogspot.com


Psicologia Clínica


Por Gabriela E. Possolli Vesce

O termo psicologia clínica foi aplicado pela primeira vez em 1896, naquela ocasião dizia respeito a processos diagnósticos empregados na clinica médica, destinados a crianças deficientes físicas e mentais. A demanda por esse processo de diagnose surgiu no contexto em que as doenças mentais passaram a ser consideradas similares às doenças físicas. Nessa fase inicial os trabalhos realizados em clínicas psicológicas não se configuravam como a prática clínica da atualidade, mas eram direcionados para a avaliação e para o tratamento de problemas de comportamento e de aprendizagem de crianças em idade escolar, desse modo, abrangia o campo do que hoje é a psicologia escolar.
Pode-se definir psicologia clinica como sendo uma das subáreas de atuação da psicologia que destina-se a investigar e intervir no âmbito da saúde mental. O psicólogo clínico possui a especificidade de aperfeiçoar aspectos interpessoais e intrapessoais, além dos aspectos relacionados à história de vida do paciente. A ação desse profissional é requerida em situações de crise individual ou grupal, ou quando sucedem perturbações de comportamento ou personalidade.
Em seu trabalho com os pacientes o psicólogo clínico deverá utilizar uma abordagem psicológica para desenvolver suas atividades. Dentre elas podem-se citar as abordagens comportamental, a psicanálise, a gestalt, dentre outras, estando as técnicas e os métodos vinculados a essas abordagens.
Na psicologia clínica pode-se desenvolver atividades de psicoterapia individual ou coletiva, atendendo um público que compreende desde bebês até idosos. Além disso também é possível realizar aconselhamento, psicológico, orientação familiar, orientação vocacional e psicodiagnóstico. As atribuições do psicólogo clínico não se limitam à uma perspectiva curativa (aspectos psicopatológicos) mas também relacionam-se a prevenção, redução das situações de risco e a melhoria da qualidade de vida.
A seguir são apresentados mitos e verdades sobre a psicologia clínica:

Mito: Apenas pessoas fracas procuram a psicologia clínica.

Verdade: Não existem pessoas fortes ou fracas, existem formas de lidar com as situações.

Mito: Apenas pessoas com problemas devem procurar um psicólogo.

Verdade: As pessoas também procuram um psicólogo porque querem se conhecer melhor.

Mito: Um tratamento psicológico vai demorar anos para acabar.

Verdade: O tempo de duração de um tratamento varia de acordo com os objetivos almejados. É possível obter excelentes resultados com tratamentos em curto prazo.

Mito: Tratamento psicológico é apenas para ricos.

Verdade: Existem locais que oferecem atendimento psicológico por preço simbólico. Alguns postos de saúde também oferecem serviço de psicoterapia.

Fonte:http://www.infoescola.com/psicologia/clinica/

domingo, 29 de novembro de 2009

Sigmund Freud
Biografia
Formado em medicina e especializado em tratamentos para doentes mentais, ele criou uma nova teoria. Esta estabelecia que as pessoas que ficavam com a mente doente eram aquelas que não colocavam seus sentimentos para fora. Segundo Freud, este tipo de pessoa tinha a capacidade de fechar de tal maneira esses sentimentos dentro de sua mente, que, após algum tempo, esqueciam-se da existência.
Teoria e métodos a partir de sua teoria, este grande psicanalista resolveu tratar esses casos através da interpretação dos sonhos das pessoas e também através do método da associação livre, neste último ele fazia com que seus pacientes falassem qualquer coisa que lhes viessem à cabeça. Com este método ele era capaz de desvendar os sentimentos “reprimidos", ou seja, aqueles sentimentos que seus pacientes guardavam somente para si, após desvendá-los ele os estimulava a colocarem esses sentimentos para fora. Desta forma ele conseguiu curar muitas doenças mentais.
Livros
Freud escreveu um grande número de livros importantes, alguns deles foram: Psicologia da Vida Cotidiana, Totem e Tabu, A interpretação dos sonhos, O Ego e o Id e muitos outros. Neles, o “pai da psicanálise” (assim conhecido por ter inventado o termo “psicanálise” para seu método de tratar das doenças mentais) responsabilizava a repressão da sociedade daquela época, que não permitia a satisfação de alguns sentimentos, considerando-os errados do ponto de vista social e religioso.
Segundo ele, o sexo era um dos sentimentos reprimidos mais importantes. Naquela época essa afirmação gerou um grande escândalo na sociedade, entretanto, não demorou muito para que outros psicólogos aderissem à idéia de Freud. Alguns deles foram: Carl Jung, Reich, Rank e outos.

sábado, 28 de novembro de 2009

PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL

Autora: Denise Torós

A literatura a respeito da Análise Comportamental é pouco lida e raramente compreendida no Brasil, embora no resto do mundo esta abordagem encontre-se em pleno crescimento.A Análise Comportamental procura conhecer e compreender o ser humano e, através deste conheci mento, tomar consciência das problemáticas psicológicas que os indivíduos vivenciam.
O maior e mais persistente dos erros parece ser o de considerar a Análise Comportamental e suas teorias (aprendizagem, motivaçäo, personalidade, cogniçäo e outras) como uma ciência que explica o comportamento humano apenas como um conjunto de respostas a estímulos, considerando o homem como um autômato ou boneco, ignorando a consciência e os estados mentais.

Isto definitivamente näo é verdadeiro. A Análise Comportamental näo propöe um tratamento sintomatológico ou mecanicista, uma vez que esta abordagem baseia-se no modelo bio-sócio-psicológico, que elimina o conceito tradicional de "doença subjacente" e mesmo o conceito de sintomas através do qual esta "doença" se manifestaria. Ela propöe, isto sim, um tratamento das queixas apresentadas (solidäo, stress, depressäo, insegurança, etc) e dos mecanismos psicológicos funcionalmente envolvidos com o desenvolvimento e manutençäo das problemáticas apresentadas.
Para a abordagem Comportamental as Teorias de Aprendizagem säo de fundamental importância, na medida em que, vários fatos demonstram que tanto os sentimentos quanto os pensamentos e comportamentos humanos säo aprendidos. Citando um destes fatos, a título de exemplo, veja-se o ocorrido na França, na virada deste século:
Uma criança que havia sido abandonada à própria sorte, foi encontrada viva, em uma floresta próxima a um pequeno vilarejo. Esta criança, por algum "milagre" sobreviveu, porém näo como um homem, apesar de ser fisicamente um ser humano, mas como um animal. Caminhava com os quatro membros, vivia em um buraco no chäo, näo tinha nenhuma linguagem, näo conhecia nenhum relacionamento, näo se preocupava com ninguém, nem com nada, a näo ser com a própria sobrevivênca.
O que este caso demonstra é o fato de que, se o homem cresce como um animal, agirá e reagirá como um animal, pois o homem "aprende" a ser humano. E deste modo, como ele aprende a ser humano, também aprende a sentir, amar, pensar e raciocinar como um ser humano o que, em outras palavras, significa afirmar que o meio é fundamental ao seu desenvolvimento. E, como o "filhote do homem", é o animal mais facilmente domesticável, pelo fato de na sua "primeira infância", ser totalmente dependente dos adultos que o "criam" e do meio em que vive, näo sendo capaz de sobreviver por si só (salvo raras excessöes, como o exemplo acima), tais fatos o tornam fortemente vulnerável e desta forma, muito suscetível às mensagens alheias.
As Teorias Comportamentais näo deveriam ser vistas como inimigas da liberdade humana, muito ao contrário, pois se näo é possível impedirmos que o ambiente "determine" o desenvolvimento de nossas emoçöes, motivaçöes, pensamentos e comportamentos, por outro lado, é essencial à emancipaçäo do homem em relaçäo à estas "estruturas" (familia, escola, igreja, sociedade, etc) que ele adquira consciência de como se desenvolvem essas açöes (destas estruturas) determinantes do seu comportamento, caracterizando a própria experiência de "ser", ou seja, possibilitando-lhe que assuma a direçäo do próprio destino, a partir de seu autoconhecimento.
A Análise Comportamental entende que o núcleo de toda neurose é a ansiedade. O mêdo, eis o grande inimigo do homem. A insegurança dele consequente conduz a total vulnerabilidade, fazendo com que o homem viva de forma contrária ao seu instinto de sobrevivência, falhando em obter aquilo que deseja e levando-o a fazer o que näo quer.
As consequências disto säo: a solidäo, a depressäo, as fobias, os distúrbios psicossomáticos, as disfunçöes sexuais e outras, que levam à infelicidade.
O homem começa, desde a infância, a aprender que "aprender" é sinônimo de esquecer de si mesmo e absorver os valores do ambiente em que vive, internalizando desejos e necessidades que näo lhe säo próprios, como por exemplo, a de ser amado por todos. Isto o leva a viver um processo interior de mêdo de ser abandonado, rejeitado, ridicularizado, de magoar ou ser magoado pelos outros e, o comportamento, que seria a expressäo dos valores interiores, näo mais o representa.
Durante todo este longo processo de "aprendizagem" o homem vai perdendo o contato com o seu "eu real", buscando sempre um "eu ideal". Vai seguindo a vida acompanhado de um sentimento de incapacidade e incoerência, daí, o conflito, caracterizando a falta de "Assertividade", ou seja, o näo exercício de ser o que se é, numa clara ausência de auto-estima. Assertividade pode ser entendida como a coerência entre o agir e o sentir.
É importante enfatizar que as crianças säo bem mais assertivas. Elas dizem que "gostam de você", com a mesma naturalidade que dizem "näo gosto de você". É a sociedade com seus conceitos e regras arbitrárias que reprime esta naturalidade, gerando mêdo, culpa e raiva.
A sociedade nos dita regras de "certo e errado" e avalia as pessoas em escalas de "melhor e pior". Assim, "adultos säo melhores que crianças", "patröes melhores que empregados", "homens melhores que mulheres", "brancos melhores que negros", "professores melhores que alunos", "vencedores melhores que perdedores" e assim por diante, valorizando muito mais o "fazer o que esperam ou o que näo esperam de mim". Introjetam-se, entäo, cobranças e expectativas, desenvolvendo no indivíduo, a tal busca do "eu ideal", que terminam por saber o "que näo säo capazes", näo tendo entretanto, a exata consciência, do "que säo capazes", desvalorizando o que há de realmente importante nele: a ternura, o encantamento, a sensibilidade, a alegria, o romantismo, a poesia, o amor e muito mais.
Para a Análise Comportamental, desenvolver a percepçäo de si é a chave do problema. Trata-se de mudar o processo näo assertivo, de modo que o indivíduo exerça todo seu potencial de reflexäo e questionamento sobre suas atitudes e emoçöes. Recomeçar, transformar os conceitos de "certo e errado". Certo e errado para quem ? Só o indivíduo pode ser o juiz final para determinar o que é certo ou errado para ele, de modo que descubra do que é capaz, gostando mais de si mesmo.
O objetivo deste processo terapêutico é, portanto, possibilitar que, a partir do desenvovlimento desta auto-estima, de um maior respeito próprio, novos sentimentos possam ser expressados e percebidos por si e pelo outro, logrando um tratamento diferente por parte do "mundo", que näo o da ameaça ou imposiçäo unilateral de seus "conceitos e regras de comportamento".


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A TERAPIA GESTALT


A psicologia se consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente filosófica; neste período ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e a percepção. Vigorava então o atomismo – buscava-se compreender o todo através do conhecimento das partes, sendo possível perceber uma imagem apenas por meio dos seus elementos. Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt – termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura, forma, aparência.

Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar a percepção humana, principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se valiam especialmente de obras de arte ao tentar compreender como se atingia certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus mais famosos praticantes foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer, que desenvolveram as Leis da Gestalt, válidas até os nossos dias. Com seu desenvolvimento teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e transformou-se em uma sólida linha filosófica.
Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma idéia. Segundo o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, que em 1890 lançou as sementes das futuras pesquisas sobre a Psicologia da Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes ao objeto, e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a percepção. É muito importante nesta teoria a idéia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese.


Leis da Gestalt
Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se á elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer os objetos.
Estas normas podem ser resumidas como:
- Semelhança: Objetos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas impressões de massa destes elementos. Esta característica pode ser usada como fator de harmonia ou de desarmonia visual

- Proximidade: Partes mais próximas umas das outras,em um certo local, inclinam-se a ser vistas como um grupo.
- Boa Continuidade: Alinhamento harmônico das formas.
- Pregnância: Este é o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da imagem. É praticamente a lei mais importante.
- Clausura: A boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que tem limites bem marcados.
- Experiência Fechada: Esta lei está relacionada ao atomismo, pensamento anterior ao Gestalt. Se conhecermos anteriormente determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de associações do aqui e agora com uma vivência anterior.


A Terapia Gestalt
A Gestalt Terapia surgiu pelas mãos do médico alemão Fritz Perls (1893-1970), que tinha grande interesse pela neurologia e posteriormente pela psiquiatria. Por este caminho tornou-se um psicanalista.
Ao elaborar novas idéias psicanalíticas, chegou a ser expulso da Sociedade de Psicanálise. Depois de um encontro com Freud, rompeu definitivamente com este campo de pesquisas.Em 1946, Fritz imigrou para a América, instalando-se definitivamente em Nova York, onde conheceu seu grande colaborador, Paul Goodman. Juntos introduziram o conceito de Gestalt Terapia, recebendo depois o apoio e o auxílio da esposa de Fritz, Lore, e de outros autores. Foram inspirados por várias correntes, como o Existencialismo, a Psicologia da Gestalt, a Fenomenologia, a Teoria Organísmica de Goldstein, a Teoria de Campo de Lewin, o Holismo de Smuts, o Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e, enfim, a filosofia oriental.


A Gestaltpedagogia
No campo da pedagogia, a Gestalt também encontrou terreno fértil. O russo Hilarion Petzold, radicado na Alemanha, foi o primeiro a apresentar esta possibilidade na área educacional.
Em 1977, ele cria a Gestaltpedagogia, uma transferência dos princípios terapêuticos da filosofia da Gestalt para o contexto da educação, com o objetivo de resolver os principais problemas pedagógicos da atualidade.
Mais de 50 anos depois da criação da Gestalt Terapia, estes princípios filosóficos conquistaram seu lugar no panorama psicoterapêutico, bem como na educação e na área de Recursos Humanos de empresas.

Fonte:
http://www.gestaltsp.com.br/gestalt.htm

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


Behaviorismo
Burrhus Frederic Skinner

nasceu em 20 de março de 1904 na cidade de Susquehanna na Pensilvânia. Graduou-se em Psicologia em 1930 e terminou seu doutorado em 1931. Trabalhou na Universidade de Minesota e quando ingressou em Harvard influenciou toda uma geração de estudantes. Morreu em 1990 vítima de leucemia.
No entender de John Watson (1878-1958), que cunhou o termo “Behaviorismo” em 1913, esse era o método apropriado para entrar na mente, entidade que há séculos escapa da investigação filosófica.
Skinner baseou suas teorias na análise das condutas observáveis. Dividiu o processo de aprendizagem em respostas operantes e estímulos de reforço, o que o levou a desenvolver técnicas de modificação de conduta na sala de aula.
Trabalhou sobre a conduta em termos de reforços positivos (recompensas) contra reforços negativos (castigos). Nenhum pensador ou cientista do século 20 levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como o norte-americano Burrhus Frederic Skinner. Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, até os anos 1950.
O behaviorismo restringe seu estudo ao comportamento (behavior, em inglês), tomado como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos. O princípio do behaviorismo é que só é possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente observável.
A teoria de B.F. Skinner baseia-se na idéia de que o aprendizado ocorre em função de mudança no comportamento manifesto. As mudanças no comportamento são o resultado de uma resposta individual a eventos (estímulos) que ocorrem no meio. Uma resposta produz uma conseqüência, bater em uma bola, solucionar um problema matemático. Quando um padrão particular Estímulo-Resposta (S-R) é reforçado (recompensado), o indivíduo é condicionado a reagir. A característica que distingue o condicionamento operante em relação às formas anteriores de behaviorismo (por exemplo: Thorndike, Hull) é que o organismo pode emitir respostas, em vez de só obter respostas devido a um estímulo externo.
O reforço é o elemento-chave na teoria S-R de Skinner. Um reforço é qualquer coisa que fortaleça a resposta desejada. Pode ser um elogio verbal, uma boa nota, ou um sentimento de realização ou satisfação crescente. A teoria também cobre reforços negativos -uma ação que evita uma conseqüência indesejada.
Condicionamento operante
O conceito-chave do pensamento de Skinner é o de condicionamento operante, que ele acrescentou à noção de reflexo condicionado, formulada pelo cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão essencialmente ligados à fisiologia do organismo, seja animal ou humano. O reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual. O condicionamento operante é um mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso do rato faminto que, numa experiência, percebe que o acionar de uma alavanca levará ao recebimento de comida. Ele tenderá a repetir o movimento cada vez que quiser saciar sua fome.
A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; e o segundo, o hábito gerado por uma ação do indivíduo. No comportamento respondente (de Pavlov), a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento operante (de Skinner), o ambiente é modificado e produz conseqüências que agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura semelhante.
O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem de novo comportamento - um processo que Skinner chamou de modelagem. O instrumento fundamental de modelagem é o reforço.
Skinner era determinista. Em sua teoria não havia nenhum espaço para o livre-arbítrio, pois afirmar que os seres humanos são capazes de livre escolha seria negar sua suposição básica de que o comportamento é controlado pelo ambiente e os genes.
Princípios:
1. Comportamento que é positivamente reforçado vai acontecer novamente. Reforço intermitente é particularmente efetivo.
2. As informações devem ser apresentadas em pequenas quantidades, para que as respostas sejam reforçadas ("moldagem").
3. Reforços vão generalizar, lado a lado, estímulos similares (generalização de estímulo) produzindo condicionamento secundário.
PRINCIPAIS TIPOS DE REFORÇOS:
1. POSITIVO: todo estímulo que quando está presente aumente a probabilidade de que se produza uma conduta.
2. NEGATIVO: todo estímulo aversivo que ao ser retirado aumenta a probabilidade de que se produza a conduta.
3. EXTINÇÃO: a qual se apresenta quando um estímulo que previamente reforçava a conduta deixa de atuar.
4. CASTIGO: igual ao da extinção, funciona para reduzir a conduta.
Contrariamente ao que se pensa, o reforço negativo não é punição, mas sim a remoção de um evento punitivo; enquanto o reforço aumenta um comportamento, a punição o diminui.

Nos usos que propôs para suas conclusões científicas — em especial na educação —, Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em princípio, contrário a punições e esquemas repressivos, sugeria que o uso das recompensas e reforços positivos da conduta correta era mais atrativo do ponto de vista social e pedagogicamente eficaz.
Os adeptos do behaviorismo costumam se interessar pelo processo de aprendizado como um agente de mudança do comportamento. "Skinner revela em várias passagens a confiança no planejamento da educação, com base em uma ciência do comportamento humano, como possibilidade de evolução da cultura", diz Maria de Lourdes Bara Zanotto, professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.
Buscava a aprendizagem como produto de uma relação estímulo- resposta, pois, desta maneira são reforçadas as condutas apropriadas mediante uma recompensa e as inapropriadas mediante um castigo.
No campo da aprendizagem escolar Skinner tentou demonstrar que, mediante ameaças e castigos se conseguem resultados positivos muito mais baixos e com efeitos secundários muito piores do que com o sistema de reforços positivos. Seu princípio para o máximo aproveitamento das classes baseia-se na atividade dos alunos; sua aplicação mais conhecida é o ensino programado em que os sucessos em determinadas tarefas atuam como reforço para aprendizagens posteriores.
No livro Tecnologia do Ensino, de 1968, o cientista desenvolveu o que chamou de máquinas de aprendizagem, que nada mais eram do que a organização de material didático de maneira que o aluno pudesse utilizar sozinho, recebendo estímulos à medida que avançava no conhecimento. Grande parte dos estímulos se baseava na satisfação de dar respostas corretas aos exercícios propostos.
A idéia nunca chegou a ser aplicada de modo amplo e sistemático, mas influenciou procedimentos da educação norte-americana e brasileira. Skinner considerava o sistema escolar predominante um fracasso por se basear na presença obrigatória, sob pena de punição. Ele defendia que se dessem aos alunos "razões positivas" para estudar, como prêmios aos que se destacassem.
O behaviorismo está nos pressupostos da orientação tecnicista da educação, cuja proposta consiste em: planejamento e organização racional da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos; parcelamento do trabalho, com especialização das funções; ensino por computador, tele-ensino, procurando tornar a aprendizagem mais objetiva.
A avaliação também tem um papel fundamental: no início, para que o professor possa estabelecer estratégias para atingir os objetivos; durante o processo de aprendizagem, para controle e replanejamento; e ao final, para verificar se os resultados desejados foram obtidos.
Como ocorre na escola tradicional, estes objetivos são pré-definidos, sem a participação do aluno. Para atingir os objetivos são usados “reforçadores”, como notas, prêmios, status, reconhecimento de professores e colegas e promessa de vantagens sociais futuras. O professor deve elaborar um sistema para que o desempenho do aluno seja maximizado de acordo com os objetivos traçados.
Muito da Tecnologia Educacional Moderna se baseia nos pressupostos do behaviorismo, assim como muitos softwares ditos "educativos' que nada mais são que atividades fechadas baseadas em reforços positivos.
"Skinner é um dos psicólogos mais importantes da história, concordando-se com ele ou não. Entre os anos 40 e 60, o behaviorismo teve grande influência e dominou a psicologia. Surgiram aplicações não só no ensino, mas também na psicologia clínica, como a terapia comportamental", relembra José Fernando Lomônaco, professor associado do Instituto de Psicologia da USP.

Referências:


quarta-feira, 25 de novembro de 2009


EDMUND HUSSERL
Biografia
Nascido numa família judaica numa pequena localidade da Morávia (região da atual República Checa). Aluno de Franz Brentano e Carl Stumpf, Husserl influenciou entre outros os alemães Edith Stein, Eugen Fink e Martin Heidegger, e os franceses Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, Michel Henry e Jacques Derrida. O interesse do matemático Hermann Weyl pela lógica intuicionista e pela noção de impredicatividade teria resultado de contatos com Husserl. Na verdade, a impulsão primeira da lógica positivista, como seus desenvolvimentos mais recentes, seríam estreitamente tributários da crítica de certos aspectos da filosofia de Husserl pelas filosofias insulárias e americanas. Ao reverso, a obra do discípulo Heidegger foi considerada pelo mestre como resultando de graves desinterpretações de seus ensinos e métodos. Em 1887, Husserl converte-se ao cristianismo e junta-se à Igreja Luterana. Começa ensinando filosofia em Halle como tutor (Privatdozent) desde 1887, continua em Göttingen como professor em 1901 e mais tarde em Friburgo (Freiburg am Breisgau) a partir de 1916, até que se aposenta em 1928. Como aposentado, Husserl continua suas pesquisas e atividades nas instituições de Friburgo, até que seja definitivamente demitido por causa de sua ascendência judia, sob o reitorado de seu antigo aluno e protegé, Heidegger.

Primeiras obras
Husserl estudou inicialmente matemática nas universidades de Leipzig (1876) e Berlin (1878), seguindo as lições de Karl Weierstrass e Leopold Kronecker. Em 1881, vai a Viena para estudar sob a direção de Leo Königsberger (antigo aluno de Weierstrass), obtendo seu doutorado em 1883, apresentando a tese Beiträge zur Variationsrechnung (« Contribuições ao calculo das variações »).

Em 1884, começa a atender as lições de Franz Brentano em filosofía na Universidade de Viena. Brentano tanto impressionou Husserl que ele pretende então dedicar sua vida à filosofia. Em 1886 Husserl vai à Universidade de Halle, recomendado por Brentano para Carl Stumpf para sua habilitação. Sob sua direção, Husserl escreve Über den Begriff der Zahl (« Sobre o Conceito do Número », 1887) cujos arquivos fornecerão as bases de sua primeira obra importante, Philosophie der Arithmetic ("Filosofia da Aritmetica", 1891). Nessas primeiras pesquisas, Husserl tenta combinar matemática com a filosofia empírica pela qual tinha sido iniciado em Viena. Seu objetivo central será contribuir no fornecimento de fundações sólidas para a ciência matemática. O tema de seu estudo será a análise dos processos mentais necessários para a formação do conceito de número; baseado em suas próprias análises, como nos métodos atípicos de seus professores, tentará projetar a possibilidade de uma teoria sistemática. Em relação ao ensino de Karl Weiestrass, Husserl tenta derivar a idéia de que o conceito de número se obtém por um "desconto" de certas coleções de objetos; em respeito a Brentano-Stumpf, Husserl desenvolve a distinção entre as noções de presentações próprias e impróprias. Temos uma presentação própria quando o objeto está "atualmente" presente (no campo de vista, contexto ou intuição). Imprópria (ou simbólica, como também é referida), se podemos indicá-lo somente através de signos, símbolos etc. As Investigações Lógicas, de 1901, foram interpretadas como o início da teoria simbólica dos conjuntos e suas partes, também referida como mereologia.

Outro elemento importante herdado por Brentano foi a noção de intencionalidade, que define a forma essencial dos processos mentais. Uma definição simples dirá que a principal característica da consciência é de ser sempre intencional. A consciência sempre é consciência de alguma coisa : a análise intencional e descritiva da consciência definirá as relações essenciais entre atos mentais e mundo externo. Mas, para Brentano, o objetivo fora gerar com métodos empíricos (apoiando-se na introspecção pura) um critério-chave que possa caracterizar os fenômenos psíquicos por oposto aos fenômenos físicos, distinção cujo objetivo fora legitimar uma ciência psicológica nova, e livre de preconceitos (Psychologie vom empirischen Standpunkt, 1874). Para Brentano, todo ato mental tem seus conteúdos, caracterizados por sua direção a um objeto ("objeto intencional"). Toda crença, desejo, tem necessariamente seus objetos : o desejado, o acreditado, etc. Brentano usou da expressão “inexistência intencional” para indicar o status, na mente, dos objetos do pensamento. Com a noção de intencionalidade, o filósofo austríaco propôs um conjunto de traços que distinguiriam de maneira perfeitamente empírica os fenômenos psíquicos dos fenômenos físicos : para Brentano, fenômenos físicos não tem intencionalidade. O desenvolvimento e a crítica do conceito brentaniano aparece como o motivo permanente, central, da obra de Edmund Husserl. A principal diferença, em sua interpretação da noção de intencionalidade, aparece na crítica de seu modo in-existente ("inexistência" como existencia "interna"): a transcendência necessária da mente e do discurso, a objetividade óbvia e no entanto contraditória do porvenir científico e histórico, a objetividade radical, constituidora, da subjetividade formarão a marca do trabalho do primeiro fenomenologista, e seus elementos próprios de fascinação.

Alguns anos após a publicação de sua principal obra, as Logische Untersuchungen (Investigações Lógicas; primeira edição, 1900-1901), Husserl elaborou alguns conceitos-chave que o levaram a afirmar que para estudar a estrutura da consciência seria necessário distinguir entre o ato de consciência e o fenômeno ao qual ele é dirigido (o objeto-em-si, transcendente à consciência). O conhecimento das essências seria possível apenas se “colocamos entre parênteses” todos os pressupostos relativos à existência de um mundo externo. Este procedimento ele denominou epoché. Estes novos conceito provocaram a publicação de Ideen (Idéias) em 1913, no qual eles foram pela primeira vez incorporados, e um plano para uma segunda edição das Logische Untersuchungen.

A partir de Ideen, Husserl se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência. O problema metafísico de estabelecer a realidade material daquilo que percebemos era de pequeno interesse para Husserl (diferentemente do que ocorria quando ele tinha que defender repetidamente sua posição a respeito do idealismo transcendental, que jamais propôs a inexistência de objetos materiais reais). Husserl propôs que o mundo dos objetos e modos nos quais dirigimo-nos a eles e percebemos aqueles objetos é normalmente concebido dentro do que ele denominou “ponto de vista natural”, caracterizado por uma crença de que os objetos existem materialmente e exibem propriedades que vemos como suas emanações. Husserl propôs um modo fenomenológico radicalmente novo de observar os objetos, examinando de que forma nós, em nossos diversos modos de ser intencionalmente dirigidos a eles, de fato os “constituimos” (para distinguir da criação material de objetos ou objetos que são mero fruto da imaginação); no ponto de vista Fenomenológico, o objeto deixa de ser algo simplesmente “externo” e deixa de ser visto como fonte de indicações sobre o que ele é (um olhar que é mais explicitamente delineado pelas ciências naturais), e torna-se um agrupamento de aspectos perceptivos e funcionais que implicam um ao outro sob a idéia de um objeto particular ou “tipo”. A noção de objetos como real não é removida pela fenomenologia, mas “posta entre parênteses” como um modo pelo qual levamos em consideração os objetos em vez de uma qualidade inerente à essência de um objeto fundada na relação entre o objeto e aquele que o percebe. Para melhor entender o mundo das aparências e objetos, a Fenomenologia busca identificar os aspectos invariáveis da percepção dos objetos e empurra os atributos da realidade para o papel de atributo do que é percebido (ou um pressuposto que perpassa o modo como percebemos os objetos).

Em um período posterior, Husserl começou a se debater com as complicadas questões da intersubjetividade (especificamente, como a comunicação sobre um objeto pode ser suposta como referindo-se à mesma entidade ideal) e experimenta novos métodos para fazer entender aos seus leitores a importância da Fenomenologia para a investigação científica (especificamente para a Psicologia) e o que significa “pôr entre parênteses” a atitude natural. A Crise das Ciências Européias é o trabalho inacabado de Husserl que lida mais diretamente com estas questões. Nele, Husserl pela primeira vez busca um panorama histórico do desenvolvimento da filosofia ocidental e da ciência, enfatizando os desafios apresentados pela sua crescente (unilateral) orientação empírica e naturalista. Husserl declara que a realidade mental e espiritual possui sua própria realidade independente de qualquer base física e que a ciência do espírito (Geisteswissenschaft) deve ser estabelecida sobre um fundamento tão científico como aquele alcançado pelas ciências naturais.

Como resultado da legislação anti-semita aprovada pelos nazistas em abril de 1933, foi negado ao Professor Husserl o acesso à biblioteca de Freiburg. Seu antigo pupilo e membro do partido nazista, Martin Heidegger, comunicou a Husserl sua demissão. Heidegger (cuja filosofia Husserl considerava ser o resultado de uma compreensão incorreta dos ensinamentos e dos métodos do próprio Husserl) retirou a dedicatória a Husserl de seu mais conhecido trabalho Ser e Tempo (Sein und Zeit), quando este foi reeditado em 1941.

Em 1939, os manuscritos de Husserl, que somavam aproximadamente 40.000 páginas taquigrafadas de Gabelsberger e sua pesquisa bibliográfica completa foi clandestinamente transportada para a Bélgica e depositada em Leuven onde foram criados os Husserl-Archives. Muito do material encontrado em suas pesquisas manuscritas foi publicado na série de edições críticas Husserliana.

A DIFERENÇA ENTRE PSIQUIATRIA, PSICÓLOGO E PSICANALISTA


As atuações das três profissões “psis”.
O termo “psi”, bastante utilizado pelas pessoas, muitas vezes pode ser permeado de confusão quanto aos significados, principalmente quando se refere aos profissionais indicados por este termo: psiquiatra, psicólogo ou psicanalista. O psiquiatra é um profissional da medicina que após ter concluído sua formação, opta pela especialização em psiquiatria, esta é composta de 2 ou 3 anos e abrange estudos em neurologia, psicofarmacologia e treinamento específico para diferentes modalidades de atendimento, tendo por objetivo tratar as doenças mentais.

Ele é apto a prescrever medicamentos, habilidade não designada ao psicólogo. Em alguns casos, a psicoterapia e o tratamento psiquiátrico devem ser aliados. O psicólogo tem formação superior em psicologia, ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, pensamento, razão) e o comportamento humano. O curso tem duração de 4 anos para o bacharelado e licenciatura e 5 anos para obtenção do título de psicólogo. No decorrer do curso a teoria é complementada por estágios supervisionados que habilita o psicólogo a realizar psicodiagnóstico, psicoterapia, orientação, entre outras. Pode atuar no campo da psicologia clínica, escolar, social, do trabalho, entre outras. O profissional pode optar por um curso de formação em uma abordagem teórica, como a gestalt-terapia, a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental. O psicanalista é o profissional que possui uma formação em psicanálise, método terapêutico criado pelo médico austríaco Sigmund Freud, que consiste na interpretação dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de uma pessoa, baseado nas associações livres e na transferência. Segundo a instituição formadora, o psicanalista pode ter formação em diferentes áreas de ensino superior.

Por Patrícia LopesEquipe - Brasil Escola

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CARREIRA DO PSICÓLOGO - Entrevista com o prof. da USP Marcelo Afonso Ribeiro


CientíficaMente - O que é Psicologia?
Eu acho que a psicologia é uma área de saber que vem do cotidiano, da filosofia, e que se dedica, com coragem e ousadia, a tentar entender o comportamento humano. A psicologia, de alguma maneira, tem como objetivo estudar o que acontece na relação entre o corpo biológico e uma sociedade constituída, entender a relação indivíduo e mundo social e construir teorias que possam dar conta de ajudar também. Pensando na parte mais prática, ajudar as pessoas com as suas questões, com os seus conflitos nessa relação.

CientíficaMente – Professor, você acha que as pessoas, em geral, sabem o que é a psicologia?
Eu acho que tem um estereótipo do que é o psicólogo, muito via mídia: o psicólogo clínico, aquele que atende problemas, que faz diagnóstico, com quem você vai conversar porque tem um problema. Essa é uma das áreas da psicologia que ainda existe, não que tenha deixado de existir, mas acho que como todas as outras profissões, há uma fragmentação. Os limites já não estão mais claros entre o que é uma atribuição do psicólogo, atribuição do administrador, do médico, do cientista social, e de todas as outras profissões. Isso é interessante em um nível, porque você tem aí mais possibilidades de trabalho. Não é exclusivo da psicologia estudar o ser humano, outras áreas também se dedicam a atuar. Por outro lado, também é perigoso, porque você tem a entrada de áreas, pessoas, que não têm o rigor necessário. Então essa fragmentação é positiva porque faz crescer, mas também é negativa porque entram mais coisas que não são necessariamente boas. E no senso comum as pessoas não conseguem definir o que é o quê.


CientíficaMente - E qual você acha que é a principal causa dessa visão senso comum da psicologia?
De alguma maneira, quem não tem acesso via escola, via educação a alguma área do saber, acaba tendo contato pela mídia impressa e televisiva. Há muitos profissionais que vão à mídia e falam em nome da área, alguns com propriedade, outros não. Alguns nem mesmo são da área e as pessoas os identificam como se fossem. Como exemplos temos aqueles programas de auditório cujos apresentadores não são psicólogos, no entanto as pessoas acham que são. Eles inclusive fazem interpretações ao vivo, que são duvidosas. Então as pessoas vão construindo uma representação social do que é o psicólogo a partir disso, daí acontecem muitas misturas. Eu acho que o que mais forma o senso comum é a mídia. Em muitas revistas há seções sobre comportamento em que supostos profissionais dão a sua opinião quando não teriam condição de fazê-lo.

CientíficaMente - Você vê alguma saída para isso?
Eu acho que a psicologia deveria - na verdade o Conselho Federal (CFP) há alguns anos tenta fazer isso - freqüentar mais a mídia só que com qualidade, com rigor, até de forma institucional, explicitando o que é a psicologia. Esse espaço está sendo conquistado aos poucos, por exemplo, o CFP teve, por algum tempo, um espaço no canal Futura. Contudo, eu fico pensando, quem é que tem acesso a um canal de TV paga? É restrito a pessoas que provavelmente já têm outra visão da psicologia. Acho que deveria haver um espaço para mostrar o que é a psicologia, explicitando aquilo que parece estar formando a opinião das pessoas. Não sei exatamente como, porque é uma tarefa difícil.

CientíficaMente - E com relação à carreira do psicólogo, hoje em dia há mais possibilidades além da clínica?
A psicologia tem as áreas mais tradicionais, instituídas, em que algumas já não mais tão seguras. Por exemplo, o consultório antigamente era a opção óbvia – você se formava, abria seu consultório e pronto. Hoje em dia você até pode abrir seu consultório, tentar uma estabilidade, porém há mais pessoas fazendo isso e não está tão simples assim você manter essa atividade. Você pode trabalhar em escolas, que abriram mais espaço para nós, e as empresas, que sempre tiveram vagas e provavelmente sempre terão. Essas áreas já são instituídas, mas hoje se abriram mais possibilidades. Áreas em que nem se pensava que o psicólogo poderia contribuir, como na política, na gestão, em instituições, em comunidades, no trânsito, com engenheiros, enfim tudo que envolva impactos no comportamento humano cabe também ao psicólogo. O problema é que, por exemplo, pensando em alguém que está em formação, você acaba tendo contato com as áreas mais tradicionais, e tem outras áreas que você vai constituindo seu espaço. Isso é algo bom, porque agora você pode chegar e dizer que tem um conhecimento, que pode contribuir. Você pode construir um espaço, apesar de que leva um tempo para isso ocorrer. O risco é as pessoas não te reconhecerem como psicólogo, dão outro nome, fica como outra coisa. Estamos nessa abertura de novos campos de trabalho, mas que ainda não estão consolidados como tal. Alguns já estão, como a psicologia jurídica, a psicologia do esporte, a psicologia hospitalar, que há dez, quinze anos ninguém saberia dizer o que eram. Também podemos aproveitar áreas que estão consolidadas em outros países. Hoje há mais abertura, por outro lado isso deixa as pessoas sem referências, mais confusas com relação ao que o psicólogo é e faz.

CientíficaMente - E o que você acha que diferencia o psicólogo dos demais profissionais que lidam com humanos?
Eu acho que é o olhar. Nós desenvolvemos um olhar que é muito específico. O curso - teoricamente, não que todos tenham isso - te dá uma chave de leitura da realidade muito particular (chamo de realidade as pessoas, as instituições, as organizações, dimensões da vida). Isso nos ajuda a entender para além da superfície. Acho que a maioria das profissões não vai para além da superfície, até porque não se propõem a isso. As nossas grandes ferramentas são o diagnóstico, em um sentido mais amplo, pensado em termos de leituras, interpretação, análise da realidade, e a forma como se acessa essa realidade. A entrevista, por exemplo, é um instrumento fantástico que nós temos, e nós extraímos coisas dessa entrevista que outros profissionais não extraem. É uma leitura muito particular da realidade, que consegue entender um pouco as pessoas, as relações das pessoas, e ajudar no que estabelece o cotidiano de todas as outras profissões.

CientíficaMente - Você acha que as faculdades, os cursos de psicologia em geral, conseguem mostrar esse campo aberto de atuação do psicólogo?
Olha, mais ou menos. O campo tradicional é apresentado. Não dá para dizer genericamente, acho que algumas faculdades têm isso, essa preocupação, outras não têm. Algumas fazem isso de um modo mais integrado, dentro do currículo, outras não, fazem palestras, por exemplo. As faculdades estão preocupadas, mas varia o nível de preocupação e ação para dar conta disso. Até porque tem muita coisa nova, e muitas áreas ainda não estão consolidadas, umas são legais, outras não. Às vezes você traz para dentro do curso de psicologia alguém que mistura psicologia e coisas esotéricas, o que é um problema. A formação em psicologia é algo complicado. Você fecha a grade curricular e aí surge uma nova área.

CientíficaMente - E o que você acha que os alunos podem fazer para entrar mais em contato com as possibilidades de carreira?
Eu acho que tem que conversar muito com os professores, e também com os colegas. Às vezes o colega que senta a seu lado está fazendo um estágio muito legal, em algo que você nem imaginava. Principalmente conversar com os professores, porque às vezes ele dá uma aula que tem que dar, mas a experiência dele é outra. Uma coisa que não se faz, eu como aluno não fazia e não vejo meus alunos fazendo, é conhecer um pouco o professor. Ver o que ele faz, o que ele pesquisa, o que ele estuda, onde ele trabalhou, o que já fez... Saber a história de vida dele é interessante, até porque ele pode te dar dicas de por onde ir, como caminhar. É importante conversar com vários, não com um só. Hoje em dia temos a Internet, mas nem sempre você sabe se a informação é válida. É legal ter alguém como uma referência, que te ajude nesse caminho. Eu ainda acho que a graduação é um espaço de exploração e de experimentação. Esse é o objetivo. Quanto mais se explorar e se utilizar do material físico e humano da universidade, melhor. Não que isso vá garantir que quando você se forme terá uma inserção perfeita no mercado de trabalho. No entanto, quanto mais informação, mais fácil você consegue. Claro que há também outros fatores, como características pessoais, contingências do momento, da área que você escolheu. Tem áreas que a inserção é fácil, e em outras você terá que inventar e batalhar para abrir seu espaço.

domingo, 1 de novembro de 2009

Lista enumera “10 pecados” de psicólogos e analistas


A dona de casa Elisandra Bonfim, 28, fez terapia durante 12 anos. Teve duas psicólogas, chegou a ter sessões todos os dias da semana e gostava do processo. Mas diz que, com a última delas, que a atendeu por cinco anos, nunca teve coragem de ir para o divã.
Tinha medo de que a terapeuta dormisse, pois ela bocejava com frequência. “Acho que ela estava cansada naquela época, mas eu ficava muito incomodada com isso, pois acontecia em quase toda sessão. Cheguei a falar com ela, mas nada mudou”, conta.
Outro problema era o fato de a profissional olhar demais para o relógio. “Sei que não pode passar da hora, mas eu ficava irritada com isso. Às vezes eu estava contando alguma coisa, tinha vários sentimentos envolvidos ali”, lembra.
As atitudes descritas por Elisandra são algumas das citadas em uma lista que traz 12 maus hábitos que todo terapeuta deveria evitar. O autor também é psicólogo: o americano John Grohol, criador do portal Psych Central (http://www.psychcentral.com/), acessado mensalmente por 800 mil pessoas e eleito um dos 50 melhores de 2008 pela revista “Time”.
A Folha selecionou dez comportamentos citados por Grohol e pediu a especialistas brasileiros que os comentassem. Muitos deles não são um problema quando ocorrem isoladamente, mas podem atrapalhar a terapia quando se tornam um hábito.
Se eles passam a incomodar o paciente, a recomendação é ser sincero. “O paciente tem o direito de expressar as necessidades dele”, diz a psicóloga Regina Wielenska, supervisora de terapia comportamental do curso de terapia comportamental e cognitiva do Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo).

1 Comer na frente do paciente
Esporadicamente, no caso de uma sessão extra pedida pelo paciente e marcada no horário de uma refeição, por exemplo, a atitude é aceitável, afirma o psicólogo Roberto Banaco, professor titular da PUC-SP.
“É melhor oferecer apoio ao cliente comendo do que negar esse apoio por falta de horário”, diz Banaco. Mas necessidades pessoais como essa deveriam acontecer em outro contexto. “Comer na sessão mostra desrespeito pelo paciente”, diz Wielenska.
2 Atender ao telefone
Emergências acontecem. O terapeuta pode ter de atender um paciente internado ou com risco de suicídio, por exemplo.
Nesse caso, o mais aconselhável é avisar antecipadamente ao paciente que isso pode acontecer e ser breve. “Se existir essa possibilidade, o terapeuta deveria dizer que, em caráter excepcional, pode ser necessário atender a uma ligação urgente. Mas isso deve ser raro, não pode se tornar um hábito”, afirma Wielenska.

3 Tomar notas em excesso
A figura do analista com um bloquinho na mão, que aparece em charges e filmes, é um falso símbolo da psicanálise, diz Cyrino. “Freud não anotava durante as sessões porque isso fragmenta a compreensão da situação da análise. Quem interrompe para tomar notas perde o fio da meada. O pensamento é muito mais rápido do que a palavra escrita. E o paciente se sente perseguido.”
4 Atrasar-se para a sessão
“Quando o profissional estender a sessão desse cliente, ele saberá que os atrasos devem-se ao acolhimento para quem precisa, em contraposição à regra fria de que a sessão dura “X” minutos”, diz Banaco. Ele acredita que, quando a demora é grande, o terapeuta deve dar satisfação a quem aguarda.
5 Ser pouco acessível
Segundo os especialistas, deve haver um meio-termo em relação a esse item. Por um lado, não é recomendável que o cliente desenvolva uma extrema dependência do terapeuta. “Um paciente carente pode querer estar ligado 24 horas ao analista, como se fosse um bebê em simbiose com a mãe”, compara Cyrino.
Por outro lado, estar inteiramente fora do alcance, especialmente em situações graves, não é aconselhável. “O terapeuta não pode ser impossível nem dar a impressão de disponibilidade total, como se fosse só do paciente -o que é um desejo frequente e compreensível”, diz o psicanalista.

6 Olhar demais para o relógio
Segundo Cyrino, com a experiência, o terapeuta ganha uma noção de tempo automática. “Mas ele não é máquina. Um recurso é ter um relógio num lugar discreto e consultá-lo sem caráter ostensivo.” Já se isso ocorrer com um paciente específico, o terapeuta deve se perguntar o que está acontecendo na relação com ele.
7 Bocejar demais
Bocejar não é o problema: como qualquer pessoa, o terapeuta pode estar cansado em um determinado dia. A questão é quando a atitude se torna um hábito, que costuma ser interpretado pelo paciente como falta de interesse.
8 Contato físico excessivo
No Brasil, costuma ser aceito um maior contato físico ao cumprimentar alguém. “Na nossa cultura, é normal dar um beijinho ou um ligeiro abraço. O terapeuta pode fazer isso com leveza e rapidez, sem tom erótico”, diz Wielenska.
9 Falar demais sobre si mesmo
A chave é ver se há propósito terapêutico. “Qualquer fala sobre si mesmo que não tenha um propósito terapêutico é uma fala em demasia”, diz Banaco.
10 Vestir-se inadequadamente
Como qualquer pessoa, o terapeuta tem seu estilo e não precisa abrir mão dele no ambiente profissional. “Atendemos surfistas, publicitários, executivos. Não podemos ser camaleões para nos ajustarmos ao estilo de cada cliente. O terapeuta só não pode estar vestido de maneira profundamente chamativa, vulgar, suja ou descuidada. O resto é uma questão pessoal”, diz Wielenska.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u550251.shtml